quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Afinal o que é a Educação Especial?

O conceito de Educação Especial e de Necessidades Educativas Especiais (NEE) tem, em Portugal, vagos contornos e não parece ser percepcionado exactamente da mesma forma pelo conjunto dos agentes envolvidos. Uma das definições de NEE (Correia, 1997 cit. in Correia, 2004) diz-nos que os alunos com necessidades educativas especiais são aqueles que, por exibirem determinadas condições específicas, podem necessitar de apoio de serviços de educação especial (conjunto de serviços de apoio especializados destinados a responder às necessidades especiais do aluno com base nas suas características e com o fim de maximizar o seu potencial) durante todo ou parte do seu percurso escolar, de forma a facilitar o seu desenvolvimento académico, pessoal e socioemocional.


O modo como se foi consolidando a Educação Especial, foi encarada com estranheza por parte dos poderes públicos. Em Portugal, as soluções tardavam e mesmo quando surgiram estavam ligadas às teorias da degenerescência e a algumas correntes da psiquiatria que enfatizavam a segregação.

Neste contexto ganharam consistência as classes especiais e os centros de educação especial, baseados numa concepção sectorial (verbalizadas em 1934, por Eusébio Tamagnini, Ministro da Instrução, dividindo a população escolar portuguesa em cinco grupos: ineducáveis, normais estúpidos, com inteligência média, com inteligência superior e notáveis) (Afonso & Afonso, 2005).

Por volta dos anos 50-60 do século XX, começam a ganhar consistência as críticas oriundas de sectores da Pedagogia e da Psicologia que, na continuidade dos desenvolvimentos da Psicologia da Criança e de algumas intuições de Sigmund Freud, vieram colocar em causa a lógica do internato e das classes especiais, enfatizando que os espaços fechados são potencialmente restritivos para a aprendizagem e que, também, esta não se consegue plenamente quando não há contactos com o exterior.

Entre os anos 60 e 80 é consagrado, pela Europa, em lei, o princípio da Integração – o direito de todas as crianças frequentarem uma escola normal, beneficiando-se de todas as modificações organizacionais e curriculares que a sua deficiência exige (Ibidem). Deste modo, constatou-se a partir dos anos 90 uma grande evolução da Educação Especial com as sucessivas reformas que foram ocorrendo, surgindo o Decreto-lei 319 que regulava o apoio a alunos com Necessidades Educativas Especial, sendo substituído pelo actual Decreto-Lei n.º 3/2008 de 7 de Janeiro.

Todavia, constato com base na minha prática profissional que uma grande parte da comunidade continua a ignorar a educação especial, desconhecendo as suas funções e as suas práticas, levando-me a concluir que apesar de toda a revolução educacional sofrida ao longo dos anos, ainda existe por parte de alguns membros da nossa comunidade, um pensamento que relembra a concepção sectorial e preconceituosa de Eusébio Tamagnini...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Vamos falar do Ciúme…

O ciúme define-se como uma forma humana geral de
vivenciar e de agir perante uma relação de desejo que se percebe em perigo (Vieira, 1984). É esta angústia gerada pelo medo de perder o “objecto” amado que está na génese do ciúme.
A lógica passional do ciumento (delirante) parte sempre da dúvida, mas não admite o “benefício da dúvida”. Para o ciumento o acreditar e o saber são similares: acredita antes de saber e só procura demonstrar aquilo em que já acredita.
Quando o Sujeito não encontra provas, a ausência de comprovação, vem acentuar as suas crenças em vez de dissuadi-las. A má fé, o calculismo, a culpa imputada ao Objecto, fazem com que o ciumento pratique, constantemente, uma análise pormenorizada, procurando sempre encontrar sinais (não os necessários, mas apenas os suficientes), para objectivar a “sua” verdade. O “delirante de ciúme”selecciona e interpreta tendencialmente a informação e submete-a ao seu pré-conceito, onde não existe o acaso. A própria memória é subjugada ao ditame passional e percorrida atentamente, mas falsificada. Todos os pensamentos e memórias reconduzem o “doente de ciúme” ao sofrimento. Este vive, assim, entre trabalhos contínuos, num estado de hiper-vigilância selectiva, imersa num ponto da relação amorosa. As questões que o delirante de ciúme põe/se põe contém, já implícitas, as respostas e aguarda como se desejasse arduamente confirmaraquilo que mais teme (Vieira, 1984).
É preciso ainda perceber que para algumas pessoas o ciúme é compreendido como prova de amor, como o tempero da relação. Mas como qualquer tempero, se colocado em excesso, não tempera, maltrata (Barroso, 2007).
Revestido ou não de carácter patológico, justificado ou não pelos comportamentos do parceiro, o ciúme constitui uma das principais causas da violência nas relações amorosas.
Como descreve Montaigne: De todas as enfermidades que acometem o espírito, o ciúme é aquela à qual tudo serve de alimento e nada serve de remédio.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Distúrbios da linguagem?!


A aquisição da linguagem, a habilidade de comunicar por palavras e frases é uma característica fundamentalmente humana. O discurso oral emerge durante o segundo ano de vida, é precedido de um período que começa por volta dos 3/ 4 meses com vocalizações e sons espontâneos conhecidos como o balbuciar. Assim que a criança começa a falar, a sua linguagem é drasticamente multiplicada de algumas palavras aos 18 meses, para duas mil palavras aos 5 anos de idade Nesta fase a criança verbaliza de forma fluente e é capaz de combinar palavras em frases de várias formas, o que revela, desde logo, a estrutura complexa da linguagem (Knoph, 1983).

De facto, a linguagem é um processo complexo que engloba a articulação de vários órgãos simultaneamente, desde o cérebro, ao aparelho auditivo, aos lábios, à laringe, à língua etc. Deste modo, os distúrbios da linguagem podem advir de origens diversas, desde problemas neurológicos, malformações, disfunções, problemas sensoriais a problemas psicológicos (Ajuriaguerra, 1980).
Os distúrbios de articulação são a forma mais frequente dos distúrbios da linguagem, cerca de 80% dos casos (Knoph, 1983). Estes distúrbios que têm origens diversas, caracterizam-se pela deformação, substituição ou supressão dos fonemas. As consoantes e a vogais podem ser alteradas segundo o ponto de articulação perturbado.
(…) No caderno aparecem as primeiras palavras. As frases no livro começam a fazer sentido, mas eis que surgem algumas dificuldades. Trocam-se as letras na escrita. A leitura corre mal. A professora corrige. O pior é ir ao quadro, mete medo. Este é o cenário da dislexia. Afecta crianças e adultos que nessa idade nunca souberam os porquês de “ser assim”. De ter de usar o relógio no pulso direito para distinguir a esquerda (…).(Andreia Lobo; Jornal a Página da Educação, ano 12, nº121, Março 2003, p. 38)

A incapacidade de aprender a ler e a escrever de forma correcta, de um indivíduo que possui a capacidade intelectual necessária é conhecida por diversos termos como dislexia, disortografia, cegueira verbal congénita, etc. A aprendizagem da língua escrita só se realiza havendo de inicio uma tomada de consciência fonológica e, posteriormente, uma tomada de consciência linguística. Para passar da utilização da forma fonológica às formas gráficas, é necessário que a criança possua a noção intuitiva da divisão da frase e do valor funcional das palavras no interior dessa frase.

A dislexia e a disortografia

A dislexia trata-se de uma dificuldade específica da aquisição da leitura. Traduz-se pela frequência e persistência de hesitações de incompreensões, de erros, de inversões de sílabas, de confusões de letras, de mutilações de palavras, de falhas ligadas à linguagem escrita que persistirão frequentemente, inclusive na aprendizagem da ortografia, apesar de um nível intelectual normal (Doron & Parot, 2001). Os indivíduos com dislexia tendem também a possuir alguma dificuldade ao nível da motricidade e da coordenação e a possuir uma lateralidade invertida ou ambidextra.

No que diz respeito à disortografia, esta pode ser resultante de uma dislexia, mas pode também existir isoladamente. Consiste num conjunto de falhas: falhas de separação pela não discriminação dos elementos da frase; falhas de leitura; confusão das partes do discurso; falhas de sintaxe e de regras e falhas de emprego. É, também, a impossibilidade de visualizar a forma correcta da escrita das palavras. A criança escreve seguindo os sons da fala e a sua escrita por vezes torna-se incompreensível.
Muitas das dificuldades da aprendizagem da leitura estão relacionadas com deficiências escolares ligadas à valorização da rapidez, sobrecarga das classes, mudanças de professores, etc. Assim, segundo Stambak e Colaboradores, é fundamental desenvolver as capacidades da criança e levá-la a sentir a necessidade dos instrumentos da sua própria cultura, a valorizar as actividades que se relacionam com ela.

Trata-se, desta forma, de preparar a criança de forma correcta, para a aprendizagem da língua escrita: não basta suscitar o desejo pela leitura, é conveniente proceder a uma preparação linguística (passagem à linguagem do discurso, depois à linguagem escrita; correcção dos distúrbios da linguagem oral; preparação para a individualização dos elementos que constituem a língua). Tendo sempre por base o respeito pelas formas de raciocínio da criança.


Uma boa aprendizagem dá à criança um instrumento que veicula o conhecimento e que ela utilizará com desembaraço. Pelo contrário, se persiste a pobreza da leitura e da escrita, a criança perde a motivação e, muitas vezes, essa criança pode tornar-se num aluno fraco com todas as implicações subjacentes para o seu futuro, como limitações ao nível de escolhas vocacionais, sentimentos de inadequação, baixa auto-estima, etc.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sugestão de filme... The Accused

Este filme transporta-nos para o tema da violação, colocando-nos no lugar da vítima de forma a que seja possível a compreensão dos diversos preconceitos que ainda sobrevivem em torno deste acto de violência... VALE A PENA VER!!!!

O que é DELINQUÊNCIA SEXUAL (alguns dados)?


Delinquência sexual é um conceito que sofreu evolução, na forma como é entendido: primeira perspectiva remete para a esfera moral e pessoal ou da posessão demoníaca (como uma espécie de pervertimento decadente e tardia da sexualidade), numa segunda prespectiva insere se no fórum da Medicina e do Direito (estando então inerente ao conceito de sexualidade legítima e à questão da responsabilidade). Considerando os aspectos que, actualmente, são valorizados acredita-se que o acto sexual desviante procede de uma patologia designada pelas nosografias oficiais (da medicina) ou testemunha a imoralidade (ou seja, a responsabilidade) do seu autor, questão importante que engloba aspectos médicos e do sistema legal.



Não existe, actualmente, qualquer “cura” para o desvio sexual; O agressor sexual permanece indefinidamente vulnerável à sua preferência sexual desviante; O agressor pode adquirir competências apropriadas, necessárias ao controlo do seu comportamento, especialmente quando altamente motivado e envolvido num programa intensivo e especializado; A não participação num programa de tratamento especializado duante o encarceramento, bem como a falta de programas de follow-up na comunidade, podem contribuir para que a experiência de encarceramento aumente ainda mais a sua patologia;



O desenvolvimento de patologia sexual é complexo e apenas pode ser entendido à luz do contexto de desenvolvimento do agressor. As circunstâncias pessoais dos agressores sexuais resultaram num padrão de pensamento desviante e criminoso, que distorce as percepções e sentimentos do agressor, conduzindo ao comportamento desviante e destrutivo; O tratamento eficaz depende de uma avaliação exaustiva e conhecimento da história criminosa do indivíduo, para que as estratégias de tratamento sejam desenvolvidas de acordo com as suas reais necessidades.



A maioria dos estudos que mede a taxa de reincidência fá-lo tendo como base a repetição de detenções e condenações, o que se revela problemático na medida em que este tipo de crimes é sub-denunciado; desta forma, investigadores preocupam-se com o facto das taxas de reincidência serem artificialmente baixas. Por outro lado, as taxas de reincidência sofrem grandes flutuações atendendo ao tipo de crime sexual. Algumas meta-análises relativas aos resultados de estudos elaborados sobre os programas de tratamento dos ofensores sexuais, revelaram que a reincidência deste tipo de crimes pode ser reduzida através do tratamento destes indivíduos, sobressaindo aqui as intervenções cognitivo-comportamentais

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O que é a Hiperactividade???

A Desordem de Hiperactividade e Deficit de Atenção continua, actualmente, a ser a desordem mais controversa relativamente à melhor forma de lidar e à sua natureza.

Além da PHDA constituir a razão mais frequente de doença mental clínica nas crianças (Dulcan, 1997), ela é também identificada como sendo um problema psicossocial na infância no contexto de cuidados primários.

As crianças com PHDA caracterizam-se por ter reacções demasiado emocionais, dificuldades em estarem paradas, pouca empatia com a perspectiva dos outros, etc. Considera-se que algumas dessas características devem-se à deficiência do regulamento do comportamento da criança no que se refere a normas e regras, que é também uma característica patente nestas crianças, a incapacidade em aceitar regras e respeitar instruções. De forma clara, estas características têm um impacto profundo no funcionamento social e académico da criança, projectando-se em vários contextos, especialmente no contexto casa e escola.

Actualmente a investigação tem tido evidência empírica dos factores genéticos que afectam o desenvolvimento e funções executivas dos lobos pré-frontais do cérebro e que estão na etiologia da PHDA. Ao efectuar a relação entre as estruturas dos lobos pré-frontais do cérebro (biológico), as funções executivas (psicológico) e as deficiências de funcionamento causadas pela PHDA (social) é necessário encarar a Desordem de Hiperactividade e Deficit de Atenção como uma desordem de natureza biopsicossocial.

Se conhece alguma criança que possa sofrer desta patologia não perca tempo e leve-a a um especialista!
ESTUDO

A Perturbação de Hiperactividade e Deficit de Atenção (PHDA) é diagnosticada entre 3% a 7% em crianças em idade escolar. Estas crianças são, frequentemente, tratadas através da medicação, usualmente com estimulantes. A medicação com estimulantes tem se verificado eficaz no tratamento da PHDA, pelo menos a curto prazo. Esta desordem é também tratada utilizando intervenções psicoeducacionais e psicossociais. No entanto, existem vários pacientes que não podem ou preferem não tomar medicação.

Com efeito, Bjornstad & Montgomery (2005) efectuaram uma revisão do estudo “Family Therapy for Attention-deficit desorder or Attention Deficit/Hyperactivity disorder”, com o objectivo de testar a hipótese de que a terapia familiar sem medicação seria capaz de reduzir os sintomas da PHDA, quando comparada com o não tratamento ou o tratamento estandardizado.
Os investigadores encontraram evidencias de que uma baixa dose de estimulantes com uma maior dose de terapia comportamental tem os mesmos efeitos ao nível da redução dos sintomas da PHDA do que uma dose elevada de e
stimulantes. É possível que algumas crianças e famílias, utilizando ao nível do tratamento a terapia familiar de forma rigorosa, consigam alcançar a redução dos sintomas da Perturbação de Hiperactividade e Deficit de Atenção, no entanto, não se pode afirmar que alcancem melhores resultados do que com o tratamento usual numa comunidade.
Parece, deste modo, que a combinação da medicação com a terapia familiar é o método de tratamento mais eficaz nos contextos casa e escola (Edwards, 2002). Com efeito, parece também pertinente associar componentes de diferentes intervenções proporcionando uma estrutura de apoio mais ampla à criança com PHDA.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Sugestão de filme... CRASH

O filme “Crash” chama a atenção para a intolerância racial que existe na América contemporânea mas, acima de tudo, faz-nos reflectir sobre o modo como agimos, pensamos e vivemos em sociedade. Destaca-se a ideia de que o preconceito, o estereotipo, o julgamento apressado e desadequado é uma constante no nosso dia a dia. Este filme leva-nos a todo o momento à introspecção e à eterna descoberta de nos próprios.

Durante trinta e seis horas, a vida de todas as personagens: um politico, um detective, dois polícias, dois ladrões de automóveis, um mexicano serralheiro, que até aqui nada tinham em comum, vão cruzar-se, e é neste entrecruzamento que sobressaem as tensões sociais.

São muitas a cenas que ilustram o quotidiano não apenas da América mas da maioria das culturas industrializadas, uma delas é quando dois amigos de raça negra conversavam acerca dos indivíduos de raça caucasiana e um deles afirma que “eles” são todos preconceituosos, racistas, acham que as pessoas de raça negra são bandidos e perigosos. Verifica-se posteriormente, que esse mesmo indivíduo de raça negra acaba por ser um assaltante, podendo-se compreender que, muitas vezes, existem profecias que se auto-cumprem, isto é, este indivíduo, esta personagem parece comportar-se em conformidade com o que pensa que esperam dele, sendo este um fenómeno que ocorre com frequência na realidade.

Esta película leva-nos a testemunhar como o Homem de hoje se tornou solitário e individualista, consequência de uma conjuntura de factores que tende a tornar as relações humanas cada vez mais impessoais. Mas, ainda assim, o ser humano com todos os seus condicionalismos continua a ser capaz de exercer actos heróicos e em prol dos outros a favor da justiça social...

Vale a pena ver!!!!!!!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O que é o Bullying?

O bullying pode ser definido como o fenómeno de vitimização entre pares, caracterizado por uma posição desigual de poder do agente de bullying (bullie) e a vítima, poder esse usado no sentido de abusar da criança física ou psicologicamente, para provocar medo, injúria ou mal-estar na vítima para sua própria gratificação. Esta é uma forma de agressão pró-activa/intencional que assume um carácter repetitivo no tempo e induz um sentimento de inferioridade.
Este fenómeno pode assumir formas directas e explícitas (mais habituais nos rapazes com a finalidade de causar danos físicos), implicando violência física, insultos, destruição de pertences ou roubos, mas também formas mais subtis e indirectas (mais usadas pelas raparigas com o intuito de causar prejuízos psicológicos), que incluem a maledicência, a rejeição social ou o ostracismo.

Apesar de actualmente se falar muito nesta questão, a verdade é que o bullying nem sempre é fácil de detectar. A maioria das vezes ocorre em locais sem supervisão de adultos, tais como recreios, casas de banho, corredores, refeitório, ou imediações da escola. Por outro lado, o facto de muitas vezes os professores ignorarem o problema ou culpabilizarem a vítima, pelo facto de não se conseguir defender, também não ajuda.

As dificuldades em detectar esta vitimização aumentam com a atitude das vítimas que, sentindo-se ela própria incompetente, prefere geralmente ocultar os problemas que enfrenta com os bullies. Muitas vezes a vergonha e o medo de serem consideradas “queixinhas” fazem com que não sejam capazes de verbalizar o problema, e neste sentido é importante que professores e técnicos da escola expliquem às crianças a gravidade do fenómeno do bullying e a importância de relatar os ataques sem por isso serem vistas como “queixinhas”.


Efeitos do bullying:






Os efeitos do bullying sobre o desenvolvimento socioafectivo e o equilíbrio emocional dos alunos vitimizados não se podem desvalorizar, pois as várias investigações levadas a cabo neste domínio revelam-nos que a maioria dos alunos lida dificilmente com este problema, diminuindo a assiduidade às aulas e o rendimento académico, apresentando baixa auto-estima ou sintomas de depressão. No entanto, as consequências negativas deste fenómeno também dizem respeito aos agentes de agressão que correm o risco de futuros comportamentos desviantes ou trajectórias delinquentes.

Formas de ajudar:



Nas últimas décadas elaboraram-se vários programas para prevenir e combater o bullying e a identificação dos alunos em risco constitui uma medida nuclear.


Contudo, para além da atenção particular aos alunos vulneráveis de, nomeadamente em momentos críticos, tal como a transição do 1º para o 2º ciclo, é importante redefinir a política organizacional das escolas, no sentido de implementar regras e normas democráticas que ajudem a promover o respeito pelos direitos de cada um.


Por outro lado, e provavelmente uma medida mais fácil de implementar nas escolas é o reforço da supervisão de adultos (professores ou pessoal auxiliar) nos recreios, balneários, salas de convívio, e outros locais onde é mais fáceis os comportamentos de bullying acontecerem.

A par destas iniciativas, é também necessária uma intervenção junto das vítimas, no sentido de lhes ensinar formas de auto-protecção e de treino de auto-afirmação e desenvolvimento das competências sociais.
É de extrema importância que a criança alvo deste tipo de violência perceba refira a sua ocorrência, peça ajuda, sendo basilar esclarecer a criança sobre a diferença entre relatar um acontecimento grave e a de ser “queixinhas”, sendo que, muitas vezes, as vítimas de bullying não relatam esses acontecimentos com medo de serem percebidas como tal.

É, de igual modo, fundamental que as vitimas não respondam agressivamente e não se mostrem importunadas, dado que um dos objectivos do agressor é criar uma reacção negativa nas suas vítimas e quando o objectivo é alcançado o comportamento é reforçado.

Os educadores devem esclarecer acerca da diferença entre o humor positivo e negativo demarcando uma fronteira logo na sala de aula e divulgando estratégias (falar sobre o comportamento agressivo; pedir ao agressor que pare com esse comportamento; dizer alguma coisa positiva sobre o agressor; etc.) para que as crianças vítimas de agressão consigam resolver e lidar de forma mais eficaz com o problema.

No que se refere a crianças com necessidades especiais estas requerem um apoio específico de forma a ajuda-las a lidarem com o bullying, sendo este um grupo de crianças vulnerável a este tipo de violência. Caso as crianças não consigam combater o problema, pais e educadores devem actuar de forma a exterminar imediatamente esse tipo de comportamento.
É de extrema necessidade que pais e educadores estejam informados acerca do bullying e dos seus sinais, que fomentem a comunicação, dado que frequentemente as suas vítimas permanecem no silêncio, e que tenham a consciência que a solução do problema difere consoante a situação, por vezes será mais eficaz actuar sobre o agressor e por outras terá mais sucesso desenvolver na vítima capacidades de forma a ser ela a resolver o problema.








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