quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Distúrbios da linguagem?!


A aquisição da linguagem, a habilidade de comunicar por palavras e frases é uma característica fundamentalmente humana. O discurso oral emerge durante o segundo ano de vida, é precedido de um período que começa por volta dos 3/ 4 meses com vocalizações e sons espontâneos conhecidos como o balbuciar. Assim que a criança começa a falar, a sua linguagem é drasticamente multiplicada de algumas palavras aos 18 meses, para duas mil palavras aos 5 anos de idade Nesta fase a criança verbaliza de forma fluente e é capaz de combinar palavras em frases de várias formas, o que revela, desde logo, a estrutura complexa da linguagem (Knoph, 1983).

De facto, a linguagem é um processo complexo que engloba a articulação de vários órgãos simultaneamente, desde o cérebro, ao aparelho auditivo, aos lábios, à laringe, à língua etc. Deste modo, os distúrbios da linguagem podem advir de origens diversas, desde problemas neurológicos, malformações, disfunções, problemas sensoriais a problemas psicológicos (Ajuriaguerra, 1980).
Os distúrbios de articulação são a forma mais frequente dos distúrbios da linguagem, cerca de 80% dos casos (Knoph, 1983). Estes distúrbios que têm origens diversas, caracterizam-se pela deformação, substituição ou supressão dos fonemas. As consoantes e a vogais podem ser alteradas segundo o ponto de articulação perturbado.
(…) No caderno aparecem as primeiras palavras. As frases no livro começam a fazer sentido, mas eis que surgem algumas dificuldades. Trocam-se as letras na escrita. A leitura corre mal. A professora corrige. O pior é ir ao quadro, mete medo. Este é o cenário da dislexia. Afecta crianças e adultos que nessa idade nunca souberam os porquês de “ser assim”. De ter de usar o relógio no pulso direito para distinguir a esquerda (…).(Andreia Lobo; Jornal a Página da Educação, ano 12, nº121, Março 2003, p. 38)

A incapacidade de aprender a ler e a escrever de forma correcta, de um indivíduo que possui a capacidade intelectual necessária é conhecida por diversos termos como dislexia, disortografia, cegueira verbal congénita, etc. A aprendizagem da língua escrita só se realiza havendo de inicio uma tomada de consciência fonológica e, posteriormente, uma tomada de consciência linguística. Para passar da utilização da forma fonológica às formas gráficas, é necessário que a criança possua a noção intuitiva da divisão da frase e do valor funcional das palavras no interior dessa frase.

A dislexia e a disortografia

A dislexia trata-se de uma dificuldade específica da aquisição da leitura. Traduz-se pela frequência e persistência de hesitações de incompreensões, de erros, de inversões de sílabas, de confusões de letras, de mutilações de palavras, de falhas ligadas à linguagem escrita que persistirão frequentemente, inclusive na aprendizagem da ortografia, apesar de um nível intelectual normal (Doron & Parot, 2001). Os indivíduos com dislexia tendem também a possuir alguma dificuldade ao nível da motricidade e da coordenação e a possuir uma lateralidade invertida ou ambidextra.

No que diz respeito à disortografia, esta pode ser resultante de uma dislexia, mas pode também existir isoladamente. Consiste num conjunto de falhas: falhas de separação pela não discriminação dos elementos da frase; falhas de leitura; confusão das partes do discurso; falhas de sintaxe e de regras e falhas de emprego. É, também, a impossibilidade de visualizar a forma correcta da escrita das palavras. A criança escreve seguindo os sons da fala e a sua escrita por vezes torna-se incompreensível.
Muitas das dificuldades da aprendizagem da leitura estão relacionadas com deficiências escolares ligadas à valorização da rapidez, sobrecarga das classes, mudanças de professores, etc. Assim, segundo Stambak e Colaboradores, é fundamental desenvolver as capacidades da criança e levá-la a sentir a necessidade dos instrumentos da sua própria cultura, a valorizar as actividades que se relacionam com ela.

Trata-se, desta forma, de preparar a criança de forma correcta, para a aprendizagem da língua escrita: não basta suscitar o desejo pela leitura, é conveniente proceder a uma preparação linguística (passagem à linguagem do discurso, depois à linguagem escrita; correcção dos distúrbios da linguagem oral; preparação para a individualização dos elementos que constituem a língua). Tendo sempre por base o respeito pelas formas de raciocínio da criança.


Uma boa aprendizagem dá à criança um instrumento que veicula o conhecimento e que ela utilizará com desembaraço. Pelo contrário, se persiste a pobreza da leitura e da escrita, a criança perde a motivação e, muitas vezes, essa criança pode tornar-se num aluno fraco com todas as implicações subjacentes para o seu futuro, como limitações ao nível de escolhas vocacionais, sentimentos de inadequação, baixa auto-estima, etc.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sugestão de filme... The Accused

Este filme transporta-nos para o tema da violação, colocando-nos no lugar da vítima de forma a que seja possível a compreensão dos diversos preconceitos que ainda sobrevivem em torno deste acto de violência... VALE A PENA VER!!!!

O que é DELINQUÊNCIA SEXUAL (alguns dados)?


Delinquência sexual é um conceito que sofreu evolução, na forma como é entendido: primeira perspectiva remete para a esfera moral e pessoal ou da posessão demoníaca (como uma espécie de pervertimento decadente e tardia da sexualidade), numa segunda prespectiva insere se no fórum da Medicina e do Direito (estando então inerente ao conceito de sexualidade legítima e à questão da responsabilidade). Considerando os aspectos que, actualmente, são valorizados acredita-se que o acto sexual desviante procede de uma patologia designada pelas nosografias oficiais (da medicina) ou testemunha a imoralidade (ou seja, a responsabilidade) do seu autor, questão importante que engloba aspectos médicos e do sistema legal.



Não existe, actualmente, qualquer “cura” para o desvio sexual; O agressor sexual permanece indefinidamente vulnerável à sua preferência sexual desviante; O agressor pode adquirir competências apropriadas, necessárias ao controlo do seu comportamento, especialmente quando altamente motivado e envolvido num programa intensivo e especializado; A não participação num programa de tratamento especializado duante o encarceramento, bem como a falta de programas de follow-up na comunidade, podem contribuir para que a experiência de encarceramento aumente ainda mais a sua patologia;



O desenvolvimento de patologia sexual é complexo e apenas pode ser entendido à luz do contexto de desenvolvimento do agressor. As circunstâncias pessoais dos agressores sexuais resultaram num padrão de pensamento desviante e criminoso, que distorce as percepções e sentimentos do agressor, conduzindo ao comportamento desviante e destrutivo; O tratamento eficaz depende de uma avaliação exaustiva e conhecimento da história criminosa do indivíduo, para que as estratégias de tratamento sejam desenvolvidas de acordo com as suas reais necessidades.



A maioria dos estudos que mede a taxa de reincidência fá-lo tendo como base a repetição de detenções e condenações, o que se revela problemático na medida em que este tipo de crimes é sub-denunciado; desta forma, investigadores preocupam-se com o facto das taxas de reincidência serem artificialmente baixas. Por outro lado, as taxas de reincidência sofrem grandes flutuações atendendo ao tipo de crime sexual. Algumas meta-análises relativas aos resultados de estudos elaborados sobre os programas de tratamento dos ofensores sexuais, revelaram que a reincidência deste tipo de crimes pode ser reduzida através do tratamento destes indivíduos, sobressaindo aqui as intervenções cognitivo-comportamentais

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O que é a Hiperactividade???

A Desordem de Hiperactividade e Deficit de Atenção continua, actualmente, a ser a desordem mais controversa relativamente à melhor forma de lidar e à sua natureza.

Além da PHDA constituir a razão mais frequente de doença mental clínica nas crianças (Dulcan, 1997), ela é também identificada como sendo um problema psicossocial na infância no contexto de cuidados primários.

As crianças com PHDA caracterizam-se por ter reacções demasiado emocionais, dificuldades em estarem paradas, pouca empatia com a perspectiva dos outros, etc. Considera-se que algumas dessas características devem-se à deficiência do regulamento do comportamento da criança no que se refere a normas e regras, que é também uma característica patente nestas crianças, a incapacidade em aceitar regras e respeitar instruções. De forma clara, estas características têm um impacto profundo no funcionamento social e académico da criança, projectando-se em vários contextos, especialmente no contexto casa e escola.

Actualmente a investigação tem tido evidência empírica dos factores genéticos que afectam o desenvolvimento e funções executivas dos lobos pré-frontais do cérebro e que estão na etiologia da PHDA. Ao efectuar a relação entre as estruturas dos lobos pré-frontais do cérebro (biológico), as funções executivas (psicológico) e as deficiências de funcionamento causadas pela PHDA (social) é necessário encarar a Desordem de Hiperactividade e Deficit de Atenção como uma desordem de natureza biopsicossocial.

Se conhece alguma criança que possa sofrer desta patologia não perca tempo e leve-a a um especialista!
ESTUDO

A Perturbação de Hiperactividade e Deficit de Atenção (PHDA) é diagnosticada entre 3% a 7% em crianças em idade escolar. Estas crianças são, frequentemente, tratadas através da medicação, usualmente com estimulantes. A medicação com estimulantes tem se verificado eficaz no tratamento da PHDA, pelo menos a curto prazo. Esta desordem é também tratada utilizando intervenções psicoeducacionais e psicossociais. No entanto, existem vários pacientes que não podem ou preferem não tomar medicação.

Com efeito, Bjornstad & Montgomery (2005) efectuaram uma revisão do estudo “Family Therapy for Attention-deficit desorder or Attention Deficit/Hyperactivity disorder”, com o objectivo de testar a hipótese de que a terapia familiar sem medicação seria capaz de reduzir os sintomas da PHDA, quando comparada com o não tratamento ou o tratamento estandardizado.
Os investigadores encontraram evidencias de que uma baixa dose de estimulantes com uma maior dose de terapia comportamental tem os mesmos efeitos ao nível da redução dos sintomas da PHDA do que uma dose elevada de e
stimulantes. É possível que algumas crianças e famílias, utilizando ao nível do tratamento a terapia familiar de forma rigorosa, consigam alcançar a redução dos sintomas da Perturbação de Hiperactividade e Deficit de Atenção, no entanto, não se pode afirmar que alcancem melhores resultados do que com o tratamento usual numa comunidade.
Parece, deste modo, que a combinação da medicação com a terapia familiar é o método de tratamento mais eficaz nos contextos casa e escola (Edwards, 2002). Com efeito, parece também pertinente associar componentes de diferentes intervenções proporcionando uma estrutura de apoio mais ampla à criança com PHDA.